sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Apenas para partilhar
Eram dez da manhã, o céu estava limpo, encontrava-me em Matosinhos e necessitava de ir para Gaia. Qual o melhor caminho? A marginal que liga Matosinhos à ribeira do Porto e consequentemente a ponte para Gaia. Como estava com tempo e tinha alguma fome, consequência de um pequeno-almoço mal tomado, decido parar numa confeitaria na foz, com vista para o mar revolto. Enquanto percorro, de carro, a marginal, toca o telemóvel. Atendo, alguns segundos de conversa e passo a estar com pressa. Mudança de planos. Continuo ao telefone. Sim, com auricular. Sigo no mesmo trajecto e, enquanto a conversa que já se prolonga continua, lembro-me da fome e traço na minha cabeça um novo plano. Termino a chamada. Aproveito, então, para parar numa estação de serviço. Olho as capas dos jornais, recolho um, dirijo-me à caixa e, nessa altura, começa uma discussão entre uma mulher, que venho a preceber era toxicodependente e ex-presidiária. Deixa de ser conversa e passa a discussão, gritaria, insultos, por parte da mulher ao gerente e ao empregado de balcão. O que queria a mulher? Que lhe dessem 0,80€ referente a um bolo que um cliente da estação de serviço tinha comprado para ela em vez de lhe dar dinheiro. O cliente tinha ido embora e a mulher queria devolver o bolo e receber o dinheiro. O gerente, tentando gerir a situação, chama a mulher para fora das bombas e dá-lhe algumas moedas do seu bolso. Fim de estória? Sim. O fim da dignidade daquela mulher já há muito tinha chegado. Talvez na altura em que esteve presa? Muito antes? Talvez nunca. Perdi a fome. Foi na passada 6ª feira.
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